quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Guarda Compartilhada

Desde a década de oitenta Salvador Minuchin já chamava atenção para o fato de que a família, como instituição, vem sofrendo modificações que ocorrem conforme as mudanças na sociedade. Instala-se neste quadro de modificações a crescente fragilização dos vínculos do casamento, mais especificamente do subsistema casal.
 Experientes terapeutas de casais e de famílias afirmam ter constatado não existir mais um "período crítico" na evolução do relacionamento de casal, explicam que rompimentos podem ocorrer nos primeiros períodos, após a chegada de um filho ou mesmo em um casal com muitos anos de matrimônio.
Famílias que passam por uma separação do casal parental enfrentam uma das mais difíceis tarefas ao procurar se reequilibrar. Terapeutas de família afirmam que seguir em frente, após o rompimento do vínculo da conjugabilidade, é um grande esforço para todos os membros da família. A dissolução do vínculo do casamento representa, do ponto de vista psicológico, o rompimento de um pacto relacional e, dessa forma, deve ser encarada como um processo complexo.
Em consonância com as mudanças na vida familiar e social está em vigência desde 2008 a guarda compartilhada. Ela poderá ser requerida, por consenso entre os pais, ou decretada pelo Juiz, em atenção a necessidades específicas do filho. Nesta modalidade de guarda ambos os genitores tem direitos e deveres para com o filho de modo igual e compartilhado, o que se mostra benéfico pois o filho pode contar com o cuidado de seus pais.
 Não se pode confundir  guarda compartilhada com "alternada", ou seja, a criança pode ter um só domicílio. O que será compartilhado são as decisões a respeito da educação e da vida do filho. Deste modo nenhum dos genitores é excluído ou preterido.
  Importante destacar que o instituto da guarda compartilhada visa a garantia dos direitos da criança e do adolescente, minimizando possíveis traumas decorrentes do afastamento dos pais. Ademais vem ao encontro do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA  que preconiza a busca do melhor interesse da criança.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Frida Kahlo

fotografia Nickolas Muray (1939)



Com sua obra revolucionária e impactante, Frida é descrita como uma mulher que quebrou tabus de seu tempo. Nasceu em 1907 em Coyoacán no México, na casa que é, hoje, o museu Frida Kahlo - "Casa azul".

A artista teve sua vida marcada pela dor e é um exemplo de superação. Sua produção artística só pode ser compreendida  através do conhecimento de sua história de vida.

Aos seis anos de idade sofreu de poliomielite, doença que debilitou seus músculos deixando marcas para toda a vida em suas pernas e no pé esquerdo. Mais tarde, na adolescência, procurava disfarçar estas imperfeições usando calças e saias largas, vestimentas que se tornam sua marca pessoal de estilo.
Em 1925, sofreu um grave acidente, permanecendo hospitalizada por meses. Posteriormente ela retrata em sua obra não apenas o momento do acidente, mas várias cenas representando tratamentos, dores, sangue, fraturas na coluna, cirurgias, recuperação. E foi neste período de recuperação que começou a pintar, tendo como tema sua própria imagem. A respeito disso ela declarou " Eu senti que ainda tinha energia suficiente para fazer outras coisas sem ser estudar para vir a ser médica. Comecei a pintar sem dar muita importância a essa atividade."
Sua obra é repleta de auto-retratos e é também sobre este tema uma de suas frases mais conhecidas: "Pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o tema que conheço melhor."


domingo, 24 de outubro de 2010

A Psicologia

A Psicologia como ciência é muito recente se compararmos com outras ciências que já contam com mais séculos de estudo e saber. A Psicologia evoluiu historicamente, assim como qualquer outro campo de conhecimento científico, mas com características próprias.
Em última análise todo psicólogo tem o mesmo objeto de estudo: o ser humano, mas um olhar mais detalhado nos permite a percepção de que existem concepções teóricas tão diversas que em alguns momentos parece que a Psicologia estuda diferentes objetos. Abordagem dinâmica, cognitivo-comportamental, sistêmica, social, entre outras. Assim se for questionado um psicólogo comportamentalista ele definirá que o objeto de estudo da Psicologia é o comportamento humano, o psicanalista dirá que o interesse da investigação deve ser o inconsciente, o sistêmico dirá que o ser humano somente existe se concebido em suas relações.
Muitos autores se questionam a respeito da razão pela qual a psicologia se reparte em tantas tendências ou escolas, muitas bastante fechadas.
Podemos encontrar a primeira explicação no início deste artigo, a  Psicologia é uma ciência considerada jovem e imprecisa, assim como todas as ciências humanas. Japiassu, (1983) escreveu em seu livro “a psicologia dos psicólogos” que nenhum cientista pode se considerar um cientista “puro”, pois está comprometido com uma posição filosófica ou ideológica; isto é particularmente verdadeiro em psicologia. Este é um ponto muito interessante no estudo desta ciência,  e que o difere de alguns campos do conhecimento,  o cientista, o pesquisador confunde-se com o objeto pesquisado.
Em conseqüência disto, a concepção de homem que o pesquisador traz consigo inevitavelmente permeia sua pesquisa. E como trata de seres humanos, tal objeto de estudo não pode ser tratado com certezas absolutas. 
Alguns autores, como Bock (1995), dizem que a Psicologia trabalha com o limite do que é possível e do que ainda não é possível saber sobre o psiquismo humano. Não será justamente este ponto que a torna uma área de estudo tão fascinante?

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Mês das crianças

Rubem Alves - pedagogo, filósofo, teólogo, psicanalista, cronista e professor -sempre instiga os leitores com seu modo original de escrever. Neste mês da criança vou colocar aqui algumas amostras escolhidas de seus escritos:

" São as crianças que, sem falar, nos ensinam razões para viver. Elas não têm saberes a transmitir. No entanto, elas sabem o essencial da vida. O essencial da vida não é o trabalho, mas o brinquedo."

"São sempre as crianças que fazem as melhores perguntas."

" Se eu tivesse intimidades com o Criador eu lhe diria que há uma coisa a se fazer para aliviar o sofrimento das crianças: é só trocar os olhos dos pais. Pôr no lugar dos seus olhos, os olhos dos avós. Os olhos dos pais são olhos administrativos: tentam administrar a infância, achando que assim o futuro vai ficar garantido. Os olhos do avós são olhos sábios, no sentido preciso da etimologia da palavra: sapio, em latim, quer dizer 'eu degusto'. As crianças são objetos de degustação."

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Nova lei do divórcio

 A vida privada  e familiar vem sofrendo modificações profundas ao longo das décadas, o casamento como instituição é um exemplo disto. Neste ano tivemos mais um marco nesta evolução, com a lei do divórcio. Ainda é cedo para afirmar o impacto dela na vida em sociedade e nas relações, mas temos aqui uma matéria que apresenta alguns dados concretos e atuais.
 Algumas críticas a esta lei já foram ouvidas, há os que se apressam em dizer que a nova lei desencoraja o casamento. Interessante que há uma afirmação nesta matéria que a "facilitação" que esta lei trouxe para um casal concretizar sua separação pode ter estimulado algumas pessoas a tomar a decisão de casar , apoiados na certeza de que agora será mais fácil se decidirem futuramente desfazer o casamento.
É evidente que serão necessários estudos para que se possa confirmar qualquer fenômeno comportamental, mas a evolução que podemos já vislumbrar é que um casal não deve mais ser obrigado a permancer junto senão pelo seu sentimento um pelo outro.
Fica o convite para a reflexão.

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=rs&local=1&newsID=a3079737.xml&channel=null&tipo=1&section=Geral

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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Artigo

http://www.sjds.rs.gov.br/portal/index.php?menu=artigo_viz&cod_noticia=5557

Este artigo teve como objetivo a divulgação de um trabalho que vem sendo desenvolvido junto a adolescentes privados de liberdade, que cumprem medida sócio-educativa de internação.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

“O autoconhecimento humano é precário”, defende Gianetti

“O autoconhecimento humano é precário”, defende Gianetti

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Infância e Adolescência

   O problema da violência doméstica mostra sua face mais cruel quando a vítima é criança ou adolescente. Isto porque nessa situação quem deveria cuidar e proteger não apenas descumpre seu papel, mas o desvirtua. O genitor maltratante frequentemente "justifica" seu comportamento como a única forma eficaz de educar os filhos.   

  A incidência de maus-tratos é um problema de saúde pública do qual a Organização Mundial de Saúde - OMS - se ocupa. 

   A violência física é uma das formas mais comuns, todavia ela também pode aparecer sob a forma de violência sexual e psicológica, e ainda negligência ou total abandono.

  Muitas são as consequências para a criança vítima de violência intrafamiliar. Vários estudos correlacionam este problema com o desenvolvimento de problemas de comportamento no futuro. Ter sido vítima coloca a criança em situação de risco para o desenvolvimento de comportamentos desadaptativos, dentre eles mau desempenho escolar, sentimentos de inadequação e até comportamento infrator e o desenvolvimento de transtorno de estresse pós-traumático. De fato muitos estudos procuram associar maus-tratos na infância com a prática de atos infracionais na adolescência, afirmando que nos adultos com personalidade anti-social (psicopática) aparece com frequência a ocorrência de maus-tratos na infância.

  Sabe-se que as relações familiares são afetadas por vários outros sistemas além do familiar, desde o ambiente mais próximo de convívio da criança como o escolar e o comunitário, até por questões políticas, culturais e históricas. 

  Ao longo de seu desenvolvimento uma criança estará exposta a vários fatores de risco para o desenvolvimento de problemas psicossociais em sua vida futura. Existem fatores de risco individuais - sexo, habilidades pessoais e intelectuais, características psicológicas e biológicas, genéticas. E fatores de risco ambientais, que envolvem o  nível sócio-econômico, características da família, ausência de apoio social e situações de vida estressantes. Assim, ao se pensar em ações preventivas, se deve considerar todos estes níveis de intervenção para sua real eficácia.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

chronica

    A palavra crônica deriva do Latim chronica, que significava, no início da era cristã, o relato de acontecimentos em ordem cronológica (a narração de histórias segundo a ordem em que se sucedem no tempo). Era, portanto, um breve registro de eventos. 


No século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte dos jornais. Ela apareceu pela primeira vez em 1799, no Journal de Débats, publicado em Paris.

Esses textos comentavam, de forma crítica, acontecimentos que haviam ocorrido durante a semana. Tinham, portanto, um sentido histórico e serviam, assim como outros textos do jornal, para informar o leitor. Nesse período as crônicas eram publicados no rodapé dos jornais, os "folhetins".



 Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o repórter, o cronista se alimenta dos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica.
Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém.
Com base nisso, pode-se dizer que a crônica situa-se entre o Jornalismo e a Literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia.


A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista.


Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam.

Justiça Restaurativa - breve introdução

A justiça restaurativa é uma forma diferente de lidar com conflitos, danos, violência e crime. A Justiça Restaurativa  objetiva mais reduzir o impacto de crimes sobre os cidadãos do que prioritariamente diminuir a criminalidade, e contamos com um Projeto que vem , com sucesso, colocando em prática este importante avanço em nosso sistema de justiça.

Segundo Howard Zehr define, o crime é uma violação nas relações entre o infrator, a vítima e a comunidade, cumpre à justiça identificar as necessidade e obrigações oriundas dessa violação e do trauma causado e que deve ser restaurado. Imcumbe, assim, à justiça oportunizar e encorajar as pessoas envolvidas a dialogarem e a chegarem a um acordo, como sujeitos centrais do processo. A Justiça deve conseguir fazer com que as responsabilidades pelo cometimento do delito sejam assumidas, as necessidades oriundas da ofensa sejam satisfatoriamente atendidas e a cura (heal), ou seja, um resultado individual e socialmente terapêutico seja alcançado.
O trabalho de Howard Zehr (1990) se inscreve no âmbito da justiça criminal, mas os princípios restaurativos são aplicáveis a outros tipos de conflitos, em casa, na escola, na vizinhança, no trabalho, enfim, em qualquer lugar onde se quer restaurar relacionamentos responsavelmente.

Autores utilizados no estudo da Justiça Restaurativa afirmam que compartilhar a sua história com os demais membros em um círculo, e ser escutado, contribui para a autoestima do jovem, que se sente compreendido e respeitado (Kay Pranis, 2006).

O processo enfatiza as subjetividades envolvidas, superando o modelo retributivo em que o Estado figura, com seu monopólio penal exclusivo, como a encarnação de uma divindade vingativa sempre pronta a retribuir o mal com outro mal, nas palavras de Antonio Beristain ( Pedro Scuro citando Beristain, 2000)

A teoria destes autores procura demonstrar que a punição simples não considera os fatores emocionais e sociais, que são fundamentais; é preciso restaurar sentimentos e relacionamentos positivos. A justiça restaurativa propõe ao infrator a pergunta: o que você pode fazer agora para restaurar isso?


Quer conhecer mais?  
Acesse   www.justica21.org.br